ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA É DISCUTIDA EM LIVRO AVALIADO COM NOTA MÁXIMA PELA CAPES
Lançado em 2015, o livro “Atenção Primária em Saúde - Diagnósticos,Resultados e Intervenções de Enfermagem” foi avaliado pela CAPES no ano de 2017 e recebeu a
classificação máxima (L4). Apenas 32 dos 617 livros analisados pelo órgão
receberam a nota máxima. Em um contexto de ameaça à atuação integral da
enfermagem na APS, entrevistamos uma das organizadoras do livro e integrante da
Rede de Pesquisa em APS de 2014 a 2017, a Profª. Márcia Regina Cubas, da
Pontíficia Universidade Católica do Paraná.
REDE:
Quais os motivos para a organização e publicação do livro?
PROFª. MÁRCIA
CUBAS: O livro foi resultado de um dos Seminários de Diagnósticos de
Enfermagem, onde pesquisadoras discutiram de forma ampla a necessidade de padronização
no registro de termos da enfermagem no âmbito extra-hospitalar. Organizamos um
livro com 13 colaboradoras, fruto de resultados das pesquisas de mestrado e
doutorado, conduzidos por docentes da Universidade Federal da Paraíba, da
Universidade de São Paulo e da PUC (Pontífica Universidade Católica) do Paraná.
O
título principal do livro é Atenção Primária à Saúde. Trata-se de um livro
teórico sobre esse nível de atenção?
O livro não
tem um conteúdo teórico da APS, pois entendemos que já há outros livros que
aprofundam essa temática. O grande diferencial dele é focar na atuação
extra-hospitalar da enfermagem, para que os enfermeiros e docentes que se
dediquem à atuação na APS tenham possibilidade de acessar padrões de anotação e
de assistência por meio de um sistema classificatório denominado Classificação
Internacional das Práticas e da Enfermagem (CIPE®).
Como
foi feita a organização da obra?
O livro está
dividido em 4 unidades. A primeira unidade diz respeito à apresentação do
método de construção e aplicação de conjuntos terminológicos da CIPE® e,
em especial para a APS, da aplicação da CIPE® na intervenção
familiar, com a base teórica da enfermagem, conversando com ferramentas
interdisciplinares da saúde da família. A segunda reúne diagnósticos,
resultados e intervenções de enfermagem dentro da unidade de Atenção Básica,
incluindo um capítulo que relaciona o papel da nossa profissão em relação aos
eventos adversos pós-vacinação. A terceira diz respeito à atuação da enfermagem
nas doenças crônicas não-transmissíveis, destacadamente a diabetes e a
hipertensão arterial. Por fim, a última unidade traz à tona o cuidado da
enfermagem em diferentes ciclos de vida, incluindo o desenvolvimento infantil,
as crianças e adolescentes em situação vulnerável à violência doméstica e o
cuidado à pessoa idosa.
Recentemente, o juiz Renato Borelli da 20ªVara do Distrito Federal proferiu uma liminar que proíbe enfermeiros derealizar consultas, exames e prescrição de medicamentos a pacientes. Qual a relação dessa
decisão com o conteúdo do livro?
Podemos citar por exemplo
os eventos adversos pós-vacinação. 35 por cento desses eventos são considerados
leves. O enfermeiro tem total capacidade de agir, sem fazer uso da solicitação
de exames ou da prescrição de medicamentos, que são objeto da liminar. É um
procedimento da enfermagem essencial para garantir a confiança da população. Sempre
que há esse tipo de evento pós-vacinação, a primeira coisa que costuma
acontecer é a população contestar a qualidade da vacina utilizada pela equipe
e, por consequência, o próprio programa de imunização. Quando uma dor, uma
febre baixa, um exantema são devidamente identificados e tratados por um saber
padronizado da enfermagem, há um impacto enorme para as ações de saúde pública.
É um exemplo básico, mas isso visto numa escala maior, com outras condições de
saúde, mostram a relevância do papel da equipe da enfermagem, incluindo o
técnico e o auxiliar, na Atenção Primária.