ESTUDO COMPARA O CUIDADO FEITO EM INTERNAÇÕES POR MÉDICOS GENERALISTAS E NÃO-GENERALISTAS
Nos Estados
Unidos, a hospitalização de um paciente pode ser feita com três tipos de
assistência médica: com o próprio médico da APS que atue durante o período da
internação; com um clínico geral especializado na atenção hospitalar; ou por um
médico “plantonista”, que não seja nem o médico de referência da APS nem fixo
na clínica geral de uma unidade hospitalar. Há poucos estudos na literatura que
investiguem a associação entre o perfil desse médico e o desfecho das
internações hospitalares.
É essa a temática
do artigo recém-publicado no JAMA, por Jeniffer Stevens, do BethIsrael Deaconess Medical Center - hospital vinculado ao curso médico de Harvard- e outros 4 pesquisadores. Para analisar as diferenças no cuidado e no
desfecho de pacientes hospitalizados por diferentes tipos de médicos
“generalistas”, os autores utilizaram uma amostra de beneficiários do programa
federal norte-americano Medicare. Foram investigadas 560 mil admissões, por
mais de 80 mil diferentes médicos, de pessoas com mais de 66 anos, com os 20
diagnósticos médicos mais comuns e que houvessem tido uma consulta médica
extra-hospitalar no último ano.
Dentre os
vários resultados encontrados, pelo estudo se demonstra que os médicos da APS
solicitaram consultas de especialistas mais frequentemente (6% a mais) e
mantiveram o paciente internado, por um tempo discretamente maior (1 dia a
mais). No entanto, os pacientes cuidados por eles também tiveram a menor
mortalidade após 30 dias de internação.
Os autores do
estudo também apontam que, quando os médicos tratavam seus próprios pacientes,
foram solicitadas menos consultas a especialistas, os pacientes tiveram mais
altas domiciliares e menor mortalidade após 30 dias de internação, quando
comparados a médicos que não tinham contato prévio com os internados. Além
disso, identificou-se que os médicos que não atuavam na APS e não possuíam um
olhar longitudinal na evolução hospitalar, tiveram os piores resultados em
diversas variáveis analisadas (tempo de internação, mortalidade, readmissão
após 7 e 30 dias, tipo de alta e número de encaminhamentos).
Em suma, os
resultados do artigo reforçam o atributo da longitudinalidade como definidor da
forma de cuidado e no desfecho clínico da assistência à saúde. Para melhorar os
indicadores de saúde, é necessário pensar novos modelos de integração entre o
cuidado primário e o hospitalar.